A aula de 21 de maio de 2011 foi bem além da discussão de um dos clássicos da literatura mundial. Tivemos uma contextualização histórica da Rússia e da Europa na década de 70, mais precisamente de 1873 a 1877, período em que ANA KARÊNINA é escrito e a apresentação dos personagens diante da realidade da época. Lembrando que estar atento ao mundo e sua história é essencial para a nossa prática. Assim, Carla faz um enlaçamento entre a aula do curso “Sendas”, no dia anterior e a conversação do livro de L. Tolstoi iniciada no mês de abril, enfatizando-se, inclusive, o possível caráter autobiográfico associado a um dos personagens principais: Liêvin.
As várias facetas de um clássico como ANA KARÊNINA permite-nos um bem-aventurado paralelo com a psicanálise, conforme é apresentada uma referência de Ana Lúcia Lucia Lutterbach Holck sobre a personagem Kitty, elege Ana Karenina como a outra mulher da histérica. Carla enfatiza: “A neurótica histérica elege uma outra mulher que goza como ela não consegue gozar. Para Kitty, Ana é aquela que ela imaginariza que tem atributos que ela própria não possui. Ana tem um brilho nos olhos, uma fineza feminina, é culta.” E continua: “Sempre que se diagnóstica a histeria verifica-se essa característica”. Aponta ainda um paralelo ao caso Dora de Freud e sua persistente questão sobre “O que quer uma mulher?”.
A análise da personagem-título da obra também nos fornece entre outros caracteres já tão conhecidos dos analistas no diagnostico de uma histérica: a demanda incessante e superlativa de amor de Ana a Vronski. Ela, que no princípio da história se parece mais com uma mulher – no sentido psicanalítico do termo – passa de arrebatadora a arrebatada por um amor; da mulher à histérica, caminho inverso ao esperado de uma análise.
Além da clareza com que Carla incita a discussão, trazendo outros autores e obras que facilitam e tornam tão agradáveis os encontros de sábado, dentre eles “Porque ler os clássicos”, de Ítalo Calvino e Medeia de Eurípedes, contamos com as contribuições do psicanalista Ary Farias trazendo doses significativas de teoria sobre a feminilidade e a histeria, contextualizadas no romance familiar que conta da posição em relação à mãe e o funcionamento da função paterna, sempre subsidiados na teoria lacaniana.
Sinopse realizada por Vanessa Wagna
Revisada por Carla Serles
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