quinta-feira, 26 de maio de 2011

“PARA O PSICÓTICO O MUNDO SE CALA E AS COISAS FALAM”

Nesta sexta-feira, 20 de maio de 2011, Carla Serles nos brindou com mais uma aula onde pudemos a luz do ensino de Lacan sermos agraciados com conceitos inigualáveis sobre uma das estruturas clínicas mais fascinantes – A Psicose.
Carla inicia dizendo que as estruturas clínicas continuam as mesmas, o que muda é a forma como o sujeito lida com a subjetividade, com o sexo, com o desejo, com a angústia, com a lei, com a morte...
Os manuais de classificação das doenças, que foram postulados por médicos, são ateóricos no sentido de tentar diminuir muito os equívocos linguísticos.
Passamos então aos paradigmas:
• Com a psiquiatria biologicista, faz-se a questão: São os medicamentos que determinam as doenças?;
• Do fenômeno que está para a psiquiatria e da linguagem que está para a psicanálise;
• Para a medicina, resultados onde os sintomas desaparecem – para psicanálise, efeitos, onde o sujeito encontra-se implicado no seu sintoma, na sua fala.
Freud demonstra que as leis do inconsciente estão presentes para todo sujeito. Onde o neurótico faz uso da metáfora, o psicótico tem a alucinação, através do que demonstra seu inconsciente, que está, portanto, a céu aberto.
Dentro de qualquer estrutura clínica, onde há um sintoma há um sujeito, ou seja, não devemos atacar o sintoma, mas considerá-lo como uma manifestação subjetiva.
Na psicanálise temos 3 vertentes, conforme Jaques-Alain Miller, 3º aula 09/02/2011:
• Efeitos terapêuticos, onde o sujeito se livra dos sintomas;
• Efeitos didáticos, ou seja, a formação do analista;
• Travessia da fantasia, o passe – esse mecanismo acrescido por Lacan.
Em psicanálise temos dois tipos de psicose – esquizofrenia e paranóia, com suas diferenças marcantes sendo a primeira silenciosa, autista e com sensação de despedaçamento do corpo e a segunda cheia de vozes ruidosas.
Para o diagnóstico da psicose devemos levar em conta os fenômenos essenciais:
• De automatismo corporal;
• De automatismo mental;
• Concernentes ao sentido e a verdade.
Para o analista o importante não é o sintoma e sim as questões sobre ele. Com o psicótico podemos pensar na possibilidade de cifrar com ele que o que ouve é sua própria voz, pois da falta significante do Nome do Pai, que nunca será recuperado ele pode ao menos saber que delira, o que não significa retirá-lo. O delírio (não dialetizável) e a alucinação (falha na percepção) são tentativas de cura.
A diferenciação entre as três estruturas clínicas, no caso da psicose, se dá a partir da foraclusão do Nome do Pai, ou seja a falta do significante especial, fundador da lei, aquele que engancha os significantes numa articulação que fará o discurso e sem ele o laço social é frouxo.
Essa falta de articulação significante inviabiliza a significação ao psicótico, sendo ele incapaz de metaforizar.
Nesta ocasião, o percurso se fez presente pela implicação com a psicanálise, onde Carla pode nos ensinar com muita maestria sobre a psicose nos ajudando a fazer contraponto com as outras estruturas.
Convidamos todos a estarem presentes no próximo mês de julho, para juntos continuarmos nosso percurso no conhecimento da psicose.

Sinopse de Gleice Taciana Barbosa
Revisado por Carla Serles

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Curso Sendas: Proposições e Leituras Psicanalíticas

Na sexta-feira, dia 29/04, tivemos mais uma aula do Curso Sendas: Proposições e Leituras Psicanalíticas, com o tema Diagnóstico, ministrada por nossa querida Carla. Foi uma aula divertida, com conceitos primordiais de Lacan e pinceladas de seu ultimíssimo ensino.


Ela falou sobre o estruturalismo, relembrando que Lacan se valeu dos conceitos da lingüística de Saussure para conceitualizar o "inconsciente estruturado como linguagem".

Ressaltou a importância do Nome-do-pai para considerar as estruturas clínicas e partindo do sujeito inserido na linguagem falou das três formas como o sujeito pode se posicionar frente à castração:

Carla fala que há várias formas de enunciar as estruturas clínicas, mas opta por:

Se o sujeito recalca, ele não quer saber da castração de sua mãe. Mas ainda assim, o recalcado está lá, faz-se neurose, existe um retorno no simbólico, que é o sintoma. Reconhecer a castração do Outro é reconhecer a própria castração, é colocar aquilo que é estranho e intruso em mim.

Se o sujeito denega, há aí uma perversão, ele viu a castração da mãe, mas desmente aquilo com o que já havia se deparado. O denegado continua presente no inconsciente e tem retorno no simbólico, retornando como fetiche, que lhe serve pra tamponar a castração.

Se o sujeito foraclui, é psicose. Diante do enigma, ele faz uma recusa ao sexo. Prescreve a lei, passa o tempo de apreender a castração. E o retorno é no real. Quem foraclui não tem como buscar o que lhe faltou, ou seja, não lhe é possível posicionar –se frente às questões, que podem lhe ser impostas, valendo-se de um nome – Nome do Pai.

Demarcou uma diferença no diagnóstico entre a psicanálise e a psiquiatria, onde no segundo o que define seu diagnóstico é a fenomenologia, com critérios para a generalidade das perturbações mentais, sendo os componentes descritos. É uma referência para a saúde mental.

Já a psicanálise está para além dos fenômenos, é diferente de uma etiqueta. O diagnóstico orienta o tratamento. Diz do lugar onde o paciente nos coloca como analistas. É para uma efetuação do tratamento. É onde aparece o primeiro sedimento do impossível. É onde vemos o sintoma. O diagnóstico que dá as primeiras coordenadas da experiência.

Carla citou vários autores além de Freud e Lacan, Jacques-Alain Miller, François Leguil, Jorge Forbes, entre outros.

Carla propôs algumas perguntas sobre o que devemos fazer para orientarmo-nos no diagnóstico e terminou fazendo algumas considerações relevantes a respeito do que, entre outras coisas, um analista precisa saber para que possa diagnosticar:

• Que só existe clínica sob transferência.
• O que é uma estrutura, valendo-se das construções lacanianas.
• Saber a diferença entre um fenômeno e a estrutura de linguagem.
• Um analista precisa ser antes de tudo ser um analisante.
• Tem que estar de acordo com seu tempo, saber o que está acontecendo no mundo.
• Saber quais são os enigmas do paciente, se é a mulher, o sexo, a morte...
• Como o paciente lida com o inusitado, com o detalhe, com a singularidade.
• Como ele se arranja com o impossível.
• Qual a forma que o sujeito responde à castração.
• Como esse sujeito enuncia o Outro. Como ele se enuncia.
• As coisas de fineza que o paciente nos diz.
• Enquanto você investiga você trata.
• E o desejo da mãe? O que o sujeito fala dessa mãe.
• O avanço de Lacan

Encerrou convidando para a próxima aula, dizendo que vai aprofundar mais alguns dos conceitos falados nessa aula e esmiuçar a psicose.

Sinopse de Vanessa Silva Figueiredo.

Revisada por Carla Serles

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Curso

Os efeitos de uma análise

Por Carlos Genaro Gauto Fernández

Segunda aula, 06/05/2011, Campo Grande (MS)

Um Real lúcido

Nesta aula, ao percorrer as aulas de Jacques-Alain Miller neste ano de 2011, vamos constatar detalhes importantes para a clínica que acabam por renovar a direção que toma a experiência analítica de cada um. Um ponto fundamental é a diferença que Miller encontra na obra de Lacan entre um Real como caroço irredutível à significação e o Real como estrutura, como tendo alguma racionalidade.

No fim de uma análise, ao nos deparar com o Real que volta sempre ao mesmo lugar, portanto, repetitivo, é preciso ir além da decepção e dar outro tratamento ao que constitui o núcleo de gozo do analisante.

Trabalharemos os seguintes temas:

O mundo como representação

O Real como não representável

A transição entre a coisa-em-si e a representação

A realidade e o Real

O Real como caroço x o Real racional

O fantasma como Real

O elemento que não se explica

Duas versões do Real:

- como caroço

- como sinthoma


Local: Rua Dr. Bezerra de Menezes, Nº 274, Vila Planalto,

Dia e hora: sexta-feira, dia 6 de maio, às 20h30min.

Quem ainda não possui os textos, eles se encontram aqui na delegação.

Inscrições:com Carolina na sede da Delegação ou pelo telefone (67) 3356-5194.

Horários: 2ª, 4ª e 6ª feira das 8h às 11h, 3ª e 5ª feira das 13h30 às 17h30.


As inscrições podem ser feitas ainda pelo, e-mail: ebp.dgeralmsmt@gmail.com

É necessário inscrever-se previamente.

Aguardamos a presença de vocês.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Estudo de caso

No último sábado (30/04/2011) aconteceu mais uma das atividades da Delegação Geral MS/MT, o encontro para discussão de casos clínicos do grupo coordenado pela psicanalista Carla Serles e composto pelas "meninas de Corumbá" (que aliás...aos poucos vão se tornando mulheres do mundo ), além de uma do Rio de Janeiro e outra de Minnesota: Elyxsandra Santos; Flávia Mendes; Gize de Bessa Catarineli; Isangela Lins; Keila Janaina; Leticia Rosa; Renata Stephens; Vanessa Portão e Vanessa Wagna.

Desta vez fomos presenteadas com um belo e muito bem escrito caso clínico conduzido por Flávia Mendes que demarcou seu estilo em cada palavra, associando prática e teoria.

A forma como a analista conduz o caso deixa muito claro o quanto faz a diferença quando um paciente encontra o desejo de um analista, e este analista se responsabiliza pela análise que conduz.

Através do estudo do caso também nos foi ilustrado que o analista precisa transformar transferência em trabalho; despreocupar-se em dar respostas; interpretar para manter a questão e em algumas situações emprestar desejo ao paciente.

Por fim... após conversarmos sobre as atividades realizadas em Corumbá, nos emocionamos com demonstrações do quanto podemos desejar fazer psicanálise, do quanto as contingências nos levam aos lugares mais inesperados e diversos cabendo a nós criarmos meios de nos havermos com elas, sustentando nosso amor ao saber, permeado pelos laços de amizade que, em nosso caso, nasceram com a psicanálise.

Para melhor elucidar, recorro às palavras de Jorge Forbes: "Na era da pós-modernidade, onde o laço social das identificações é predominantemente horizontal, nos damos conta que o principal afeto, o mais fundamental afeto, é o da amizade."

Por Letícia Rosa
Revisado por Carla Serles