quinta-feira, 19 de maio de 2011

Curso Sendas: Proposições e Leituras Psicanalíticas

Na sexta-feira, dia 29/04, tivemos mais uma aula do Curso Sendas: Proposições e Leituras Psicanalíticas, com o tema Diagnóstico, ministrada por nossa querida Carla. Foi uma aula divertida, com conceitos primordiais de Lacan e pinceladas de seu ultimíssimo ensino.


Ela falou sobre o estruturalismo, relembrando que Lacan se valeu dos conceitos da lingüística de Saussure para conceitualizar o "inconsciente estruturado como linguagem".

Ressaltou a importância do Nome-do-pai para considerar as estruturas clínicas e partindo do sujeito inserido na linguagem falou das três formas como o sujeito pode se posicionar frente à castração:

Carla fala que há várias formas de enunciar as estruturas clínicas, mas opta por:

Se o sujeito recalca, ele não quer saber da castração de sua mãe. Mas ainda assim, o recalcado está lá, faz-se neurose, existe um retorno no simbólico, que é o sintoma. Reconhecer a castração do Outro é reconhecer a própria castração, é colocar aquilo que é estranho e intruso em mim.

Se o sujeito denega, há aí uma perversão, ele viu a castração da mãe, mas desmente aquilo com o que já havia se deparado. O denegado continua presente no inconsciente e tem retorno no simbólico, retornando como fetiche, que lhe serve pra tamponar a castração.

Se o sujeito foraclui, é psicose. Diante do enigma, ele faz uma recusa ao sexo. Prescreve a lei, passa o tempo de apreender a castração. E o retorno é no real. Quem foraclui não tem como buscar o que lhe faltou, ou seja, não lhe é possível posicionar –se frente às questões, que podem lhe ser impostas, valendo-se de um nome – Nome do Pai.

Demarcou uma diferença no diagnóstico entre a psicanálise e a psiquiatria, onde no segundo o que define seu diagnóstico é a fenomenologia, com critérios para a generalidade das perturbações mentais, sendo os componentes descritos. É uma referência para a saúde mental.

Já a psicanálise está para além dos fenômenos, é diferente de uma etiqueta. O diagnóstico orienta o tratamento. Diz do lugar onde o paciente nos coloca como analistas. É para uma efetuação do tratamento. É onde aparece o primeiro sedimento do impossível. É onde vemos o sintoma. O diagnóstico que dá as primeiras coordenadas da experiência.

Carla citou vários autores além de Freud e Lacan, Jacques-Alain Miller, François Leguil, Jorge Forbes, entre outros.

Carla propôs algumas perguntas sobre o que devemos fazer para orientarmo-nos no diagnóstico e terminou fazendo algumas considerações relevantes a respeito do que, entre outras coisas, um analista precisa saber para que possa diagnosticar:

• Que só existe clínica sob transferência.
• O que é uma estrutura, valendo-se das construções lacanianas.
• Saber a diferença entre um fenômeno e a estrutura de linguagem.
• Um analista precisa ser antes de tudo ser um analisante.
• Tem que estar de acordo com seu tempo, saber o que está acontecendo no mundo.
• Saber quais são os enigmas do paciente, se é a mulher, o sexo, a morte...
• Como o paciente lida com o inusitado, com o detalhe, com a singularidade.
• Como ele se arranja com o impossível.
• Qual a forma que o sujeito responde à castração.
• Como esse sujeito enuncia o Outro. Como ele se enuncia.
• As coisas de fineza que o paciente nos diz.
• Enquanto você investiga você trata.
• E o desejo da mãe? O que o sujeito fala dessa mãe.
• O avanço de Lacan

Encerrou convidando para a próxima aula, dizendo que vai aprofundar mais alguns dos conceitos falados nessa aula e esmiuçar a psicose.

Sinopse de Vanessa Silva Figueiredo.

Revisada por Carla Serles

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