Nesta sexta-feira, 20 de maio de 2011, Carla Serles nos brindou com mais uma aula onde pudemos a luz do ensino de Lacan sermos agraciados com conceitos inigualáveis sobre uma das estruturas clínicas mais fascinantes – A Psicose.
Carla inicia dizendo que as estruturas clínicas continuam as mesmas, o que muda é a forma como o sujeito lida com a subjetividade, com o sexo, com o desejo, com a angústia, com a lei, com a morte...
Os manuais de classificação das doenças, que foram postulados por médicos, são ateóricos no sentido de tentar diminuir muito os equívocos linguísticos.
Passamos então aos paradigmas:
• Com a psiquiatria biologicista, faz-se a questão: São os medicamentos que determinam as doenças?;
• Do fenômeno que está para a psiquiatria e da linguagem que está para a psicanálise;
• Para a medicina, resultados onde os sintomas desaparecem – para psicanálise, efeitos, onde o sujeito encontra-se implicado no seu sintoma, na sua fala.
Freud demonstra que as leis do inconsciente estão presentes para todo sujeito. Onde o neurótico faz uso da metáfora, o psicótico tem a alucinação, através do que demonstra seu inconsciente, que está, portanto, a céu aberto.
Dentro de qualquer estrutura clínica, onde há um sintoma há um sujeito, ou seja, não devemos atacar o sintoma, mas considerá-lo como uma manifestação subjetiva.
Na psicanálise temos 3 vertentes, conforme Jaques-Alain Miller, 3º aula 09/02/2011:
• Efeitos terapêuticos, onde o sujeito se livra dos sintomas;
• Efeitos didáticos, ou seja, a formação do analista;
• Travessia da fantasia, o passe – esse mecanismo acrescido por Lacan.
Em psicanálise temos dois tipos de psicose – esquizofrenia e paranóia, com suas diferenças marcantes sendo a primeira silenciosa, autista e com sensação de despedaçamento do corpo e a segunda cheia de vozes ruidosas.
Para o diagnóstico da psicose devemos levar em conta os fenômenos essenciais:
• De automatismo corporal;
• De automatismo mental;
• Concernentes ao sentido e a verdade.
Para o analista o importante não é o sintoma e sim as questões sobre ele. Com o psicótico podemos pensar na possibilidade de cifrar com ele que o que ouve é sua própria voz, pois da falta significante do Nome do Pai, que nunca será recuperado ele pode ao menos saber que delira, o que não significa retirá-lo. O delírio (não dialetizável) e a alucinação (falha na percepção) são tentativas de cura.
A diferenciação entre as três estruturas clínicas, no caso da psicose, se dá a partir da foraclusão do Nome do Pai, ou seja a falta do significante especial, fundador da lei, aquele que engancha os significantes numa articulação que fará o discurso e sem ele o laço social é frouxo.
Essa falta de articulação significante inviabiliza a significação ao psicótico, sendo ele incapaz de metaforizar.
Nesta ocasião, o percurso se fez presente pela implicação com a psicanálise, onde Carla pode nos ensinar com muita maestria sobre a psicose nos ajudando a fazer contraponto com as outras estruturas.
Convidamos todos a estarem presentes no próximo mês de julho, para juntos continuarmos nosso percurso no conhecimento da psicose.
Sinopse de Gleice Taciana Barbosa
Revisado por Carla Serles