quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Notícias

Jorge Forbes, após ter obtido o título de Mestre em Psicanálise, pela Univ. de Paris VIII, se submeteu, nesta sexta-feira passada, a um exame de doutoramento em Teoria Psicanalítica, na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, ex Universidade do Brasil. Tema: “Inconsciente e Responsabilidade”. A banca lhe concedeu o título de Doutor, com grau A, e indicou publicação imediata da tese, sem qualquer reparo.

Fonte: IPLA

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Prefácios


Aberturas para uma psicanálise implicada

Trata-se de estabelecer uma perspectiva para o percurso de um ensino em psicanálise.

Explicamos: O Prefácio está no início de um livro. Ela fez uma apresentação e um convite. Pode apresentar tanto um guia de leitura possível como ser uma abertura a uma experiência nova que convida o leitor a por de si nas páginas seguintes.

Os dois aspectos estarão presentes nesta nova atividade que propomos: uma possível orientação de leitura ou de um percurso e, sobretudo, um chamado à implicação do si mesmo na abordagem e leitura dos textos.

O subtítulo geral do Curso neste semestre: Aberturas para uma psicanálise implicada propõe ao leitor, ultrapassar a epiderme do texto e a procura ou a produção de algo que lá esteja velado. Buscamos, então, aquilo que não se transmite com palavras de um cânone nem com a listagem de um número infinito de referências.

Evidentemente, na perspectiva do último ensino de Lacan, o “por algo de si” é uma convocação para que quem ensine ponha algo de seu sinthoma, transformado em estilo pessoal, singular, para que, com esse toque do Real, o ensino não seja um simples jogo de significantes. Um desafio que não se limita a quem ensina, mas a todos.

Responsável e Coordenador Geral: Carlos Genaro Gauto Fernández
Com: Ary Farias e Carla Serles

Datas: às 6as. Feiras, mensalmente, às 20h30minh.
Setembro: dia 3 – Carlos Genaro Gauto Fernández
Outubro: dia 1 – Carla Serles
Novembro: dia 5 – Ary Farias
Dezembro: dia 3 – Carlos Genaro Gauto Fernández

Local: Em Campo Grande (MS) na Sede da Delegação Geral MS/MT
Endereço: Rua Dr. Bezerra de Menezes, 274
Contatos e inscrições: tel. (67) 3356-5194

Valor: R$ 50,00 mensal

Convite

Queridos,

Foi com surpresa e alegria que constatei o resultado do nosso primeiro encontro para trabalhar o livro do Primo Levi : “É Isto um Homem”?

Falar de Primo Levi nos possibilitou fazer perguntas sobre a Ética, o cinismo, o mal estar na cultura e, é claro, sobre a humanidade, etc.

O que ficou ecoando, penso que na maioria dos que estavam presentes, foi a questão sobre os paradoxos da civilização.

Para os que desejam continuar o percurso ou ingressar agora, aí fica um convite:

Dia 06/09 (segunda feira ), isso mesmo, nós escolhemos a véspera do feriado!!!

Às 18h na Delegação.

Abraço carinhoso

Carla Serles


PS: Dica de quem participa do curso: http://colocandoempalavras.blogspot.com/

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Encontro e Silêncio

Encontro e Silêncio

por Jorge Forbes

O melhor relato de uma análise com Jacques Lacan foi feito por Pierre Rey. Chama-se “Uma temporada com Lacan”, uma temporada que durou dez anos. Pierre Rey era jornalista e escritor. Nasceu no sul da França, em 1930, e morreu em julho de 2006, aos setenta e seis anos de idade, de câncer, em Paris.

Quem não o conhece, talvez se lembre de um filme famoso sobre o Onassis, interpretado por Anthony Quinn e Jacqueline Bisset – O Magnata Grego – de 1978, filme que foi inspirado em um de seus maiores sucessos literários: O Grego.

Desde que li seu livro sobre Lacan, em 1989, quando foi lançado, fiquei com curiosidade de conhecer seu autor, e, ao mesmo tempo, o seu personagem. Isso acabou acontecendo por acaso. Eu almoçava um dia em Paris com um amigo, Antoine Gallimard, editor de Rey, quando nos encontramos e fomos apresentados. Meu interesse por conversar com ele era compreensível, não tanto o oposto; talvez o fato de encontrar um brasileiro que tinha ido para a França se formar na escola de seu analista, que era amigo de seu editor, sei lá, o fato é que a conversa correu fácil e desde aquele dia nos tornamos progressivamente grandes amigos apesar, também, da diferença de idade e de experiências de vida, o que nunca, aliás, foi ressaltado em nossas inúmeras conversas. Como diz François Leguil, um amigo psicanalista que apresentei a Pierre, o mágico de conversar com ele consistia que em pouco tempo ele lhe fazia sentir a pessoa mais interessante do mundo. Todos sabiam que seus amigos mais próximos eram Picasso, Dali, Anouk Aimée, Michel Legrand, e por aí vai. Fazer parte dessa série, falava Leguil, mesmo que por um momento, não deixava de ser bom. A generosidade afetiva de Pierre Rey era espantosa. Ele era uma lição de amizade.

Já desde 2004 notava-se uma queda física impressionante em Pierre que, apesar da idade e contrariando os hábitos sedentários dos escritores, era um esportista aplicado, o que lhe conferia um ar mais jovem e uma disposição invejável. Perguntado, ele sempre negava qualquer doença, disfarçando sua dificuldade em comer com as desculpas mais diversas.

Foi por volta de junho de 2006, a última vez que vi meu amigo. Estava há uma semana em Paris, e não conseguia encontrá-lo; a cada vez, surgia um impedimento de última hora. Finalmente, indo para o aeroporto pegar o avião de volta para São Paulo, dirigindo um carro alugado, consigo falar-lhe ao telefone. Sua voz sussurrante mal deixou-me entender a terrível frase: “Je souffre”. De pronto lhe disse: – “Ah, não! Vou sentir sua falta”, ao que ele contestou bem a seu estilo: – “E eu já estou sentindo a sua”.